sábado, 7 de março de 2009
Mudança para o portal do Estadão
Estou de mudança para o portal do Estadão a partir desta 2afeira de manhã.
Meu novo endereço será: http://blog.estadao.com.br/blog/arielpalacios
Nos vemos lá!
Inté!
Abraços,
Ariel
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
‘INCORRIGÍVEIS’ QUEREM LEVAR BORGES A BUENOS AIRES
No entanto, Maria Kodama-Borges - sua ex-aluna, breve esposa (esteve casada com ele no último ano de vida do escritor) e viúva há 23 anos – afirma que ele, antes de morrer, expressou que desejava ser enterrado na neutra Suíça.
Os amigos de Borges (aqueles que ainda estão vivos), em uníssono, afirmam que Georgie – como o chamavam carinhosamente – queria ser enterrado em Buenos Aires, mais especificamente, no histórico cemitério da Recoleta, no mausoléu de sua família.
Acadêmicos destacam que Borges, em vários de seus poemas deixou claro que pretendia passar o repouso eterno em La Recoleta.
Em “O Fazedor”, escreveu o verso “Quando eu esteja guardado na Recoleta / em uma casa cor de cimento”. Em “Fervor de Buenos Aires”, categoriza: “Estas coisas pensei sobre a Recoleta / o lugar de minhas cinzas”.
No entanto, prevalecia até agora a determinação da controvertida viúva, a qual os amigos de Borges chamam de “megera” (denominação utilizada pelos amigos mais moderados; outros, mais enfurecidos, aplicam epítetos não publicáveis sobre Kodama).
Kodama afirmou enfurecida: “ninguém me consultou sobre isso. É uma falta de respeito”.
Paradoxalmente, Borges poderia ser repatriado graças à seus antigos inimigos, os seguidores do general e presidente Juan Domingo Perón. O escritor costumava dizer que os peronistas “não são bons, nem ruins...são incorrigíveis!”.
Os “incorrigíveis”, em 1946, para humilhá-lo, destituíram o autor de “Ficções” e “História Universal da Infâmia” do posto de diretor de uma biblioteca e o colocaram no cargo de “inspetor de galinhas e ovos” nas feiras.
Incorrigíveis, mas pragmáticos. Os colunistas das páginas culturais destacam que os peronistas preferiram esquecer as velhas rixas de lado e apostar no prestígio político (há eleições parlamentares em outubro) e no colossal business que seria ter Borges, ícone da literatura, enterrado em Buenos Aires.
A lápide do atual túmulo de Borges no genebrino Plainpalais ostenta uma parafernália de símbolos, tal como uma nave viking, guerreiros com lanças, uma cruz de Gales, seu nome completo, além de uma legenda em anglo-saxão:“And ne forhtedon na” (“E não deverias temer”).
Segundo a amiga e ex-colaboradora de Borges, a escritora e ensaísata María ester Vázquez, “essa legenda é uma fútil recomendação para alguém como Borges. Seu desejo, expresso em seus versos ‘Só peço as duas abstratas datas e o esquecimento’ não foi levado em conta. Este túmulo en Plainpalais tem uma lápide curiosa e complicada. A única coisa que falta ali...é uma frase da Mafalda!"
CASAMENTO PARAGUAIO-GENEBRINO
Antes de morrer, em junho de 1986, preparou um novo testamento, modificando radicalmente o anterior. Na versão antiga, Borges que não teve filhos, deixava quase tudo à sua irmã e sobrinhos e a Fanny Uveda, sua fiel governanta durante quatro décadas, que hoje está na miséria. Na nova versão, Kodama transformou-se na única herdeira, a quem foi destinada todo o dinheiro, direitos de autor, objetos de arte e manuscritos. Mas apesar de casados, no testamento Borges definia Kodama como “a boa amiga”.
Um cônsul – supostamente trambiqueiro, de acordo com os amigos de Borges - é o outro elemento deste imbroglio fúnebre: ele é Gustavo Grament Berres. Cônsul paraguaio em Genebra, teria sido o encarregado de legalizar o casamento por procuração de Borges e Kodama, registrado no minúsculo e desconhecido vilarejo de Colonia Rojas Silva, Paraguai.
A procuração para a realização do casamento foi enviada de Buenos Aires quando Borges e Kodama já estavam em Genebra. Mas atualmente não há nenhum registro nem pistas desse documento.
As suspeitas sobre o casamento dos dois aumentam quando se conhece o passado do cônsul. Gramont Berres sustenta que foi designado embaixador especial pelo ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner em 1983.
No entanto, não possui qualquer documentação que o prove. Além disso, seu nome original é outro e definitivamente borgiano: Benjamin Levi Avzarradel, que teria nascido na Argentina, mas adotado por um casal de uruguaios na tardia idade de 29 anos.
Em 1991 foi detido nos EUA acusado de falsificação de documentos, e, à pedido da Suíça, foi extraditado para ali. O governo paraguaio sustenta que o problema não é com ele, já que não reconhece Grament Berres nem como cônsul nem como cidadão. No entanto, ao cônsul não lhe faltam fotos em roupas de gala com o ex-ditador Stroessner e o falecido caudilho espanhol Francisco Franco.
A possibilidade de que o casamento de Borges e Kodama tenha sido falso soma-se à possibilidade de que possa ser anulado: o escritor casou-se nos final dos anos 60 com Elsa Astete. O casamento durou três penosos anos, e, como até fins dos anos 80 o divórcio não existiu na Argentina, Borges somente pode obter a separação de corpos e bens.
Elsa pouco pode opinar sobre isso, já que está esclerosada, internada em um asilo. Ou seja: o casamento com Kodama não é reconhecido pela lei argentina, e dependendo da veracidade do casamento via Gramont Berres, correria o risco de tampouco ser reconhecido pela lei do Paraguai e Suíça.
Se nunca se casaram (ou se o casamento não é válido), que direito teria Kodama de decidir o enterro em Genebra e insistir na permanência do autor de “O Aleph” nessa cidade? Os “direitos” de Kodama sobre Borges estão sendo discutidos em todos os aspectos, mesmo o da vida íntima.
Segundo diversas testemunhas, Kodama nunca viveu na mesma casa de Borges em Buenos Aires, e nas inúmeras viagens que realizavam, sempre dormiam em quartos separados. Uma dedução generalizada é que Borges, sozinho e com medo de morrer dependendo de outros para suas necessidades mais básicas, aceitava tudo o que Kodama lhe impunha.
Dentro do contexto de revisar o lugar definitivo de descanso de Borges também está sendo analisado o desejo expresso em suas poesias de ser enterrado em Buenos Aires, no mausoléu da família, no aristocrático cemitério da Recoleta. Em “O Fazedor”, escreve o verso “Quando eu esteja guardado na Recoleta / em uma casa cor de cimento”. Em “Fervor de Buenos Aires”, categoriza: “Estas coisas pensei sobre a Recoleta / o lugar de minhas cinzas”.
Outro fator que reforça a teoria de que Borges pretendia ser enterrado na Argentina é que em 1982 deu uma procuração à sua amiga Sara Kriner para proceder com sua cremação após sua morte. Um ano antes de morrer Borges chamou o zelador do cemitério para que lhe fizesse um orçamento para preparar o mausoléu na Recoleta para um lugar para suas cinzas. Os papéis dos orçamentos estavam archivados e recentemente foram apresentados à imprensa.
Também estão sendo levados em conta os depoimentos de amigos, como de Maria Ester Vázquez, que sustenta que pouco antes da partida para a Suíça, Borges gritava “não quero ir embora! Se eu for, morrerei lá!”.
Kodama me disse em 1995 que Borges 'adorava os Rolling Stones'; em 2006, a amiga e colaboradora do escritor, a ensaísta María Ester Vázquez, me comentou essa declaração: "Que ele gostava dos Rolling Stones? É uma bobagem colossal!"
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
TIRADAS BORGIANAS
Copo d’água - Borges está sentado, pronto para dar uma conferência no Hotel Bauen, em Buenos Aires. Na sala, o público conversa sem parar. A organizadora, Silvia Gherghi, pergunta ao escritor se prefere que ela peça silêncio para que ele possa começar a conferência. Borges lhe pergunta se em cima da mesa há um copo d’água e uma jarra, como pediu. A organizadora diz que sim, e ele então comenta com um sorriso maroto: “então não peça silêncio. Eu vou fazer de conta que procuro o copo, lentamente, como se não pudesse encontrá-lo. Isso faz as pessoas se calarem rapidamente”.
Mediocridade - Nos anos 80, na França, Borges estava sendo entrevistado para a TV, quando o jornalista lhe perguntou se percebia que era um dos grandes escritores deste século. Com sua habitual elegância para escapar das lisonjas, Borges respondeu: “é que este foi um século muito medíocre”.
Borges, por Dianne Arbus, em um lugar da Nova Inglaterra
Che Guevara - Em outubro de 1967 um estudante interrompeu a aula de literatura inglesa proferida por Borges na faculdade anunciando que as aulas teriam que ser imediatamente interrompidas pela recém-ocorrida morte do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara. Borges diz ao estudante que terminará sua aula, e que depois os alunos poderão prestar a homenagem. O estudante grita que tem que ser nesse instante e que Borges terá que ir embora. O escritor replica: “Não vou embora. Se você for tão valente, venha em tirar daqui”. O aluno ameaça apagar a luz da sala. E Borges responde: “Eu já tomei a precaução de ser cego esperando este momento...”.
Sou eu? - Borges caminhava pela rua, sozinho, quando uns rapazes que passavam de carro lhe perguntam “Mestre! Quer que o levemos? Para onde vai?”. Borges lhes responde “para minha casa, na rua Maipú”. Já dentro do carro, a ponto de chegar, o escritor pergunta: “Como é que vocês perceberam que era eu? Ah, claro, porque sou Borges....”.
Drogas - Um jornalista do “La Razón” entrevista Borges na esperança de ter uma manchete memorável, e lhe pergunta: “alguma vez o sr. experimentou drogas?”. E Borges lhe responde: “Em diversas ocasiões tentei fumar maconha, mas sempre fracassei. Finalmente, optei pelas pastilhas de menta”.
Borges, como personagem principal do comic policial noir-surrealista "Perramus", de Alberto Brescia
Centenário - Aos 99 anos, em 1975, morreu Leonor Acevedo de Borges, mãe do escritor, que nos 20 anos anteriores, por causa da cegueira do filho, havia servido de secretária para os textos que ele lhe ditava. No velório, uma mulher lhe deu os pêsames e disse “coitada de dona Leonor, morrer tão pouco antes de fazer 100 anos. Se tivesse esperado um pouquinho mais...”. Borges lhe respondeu: “percebo, minha senhora, que é uma devota do sistema decimal!”.
Corredor - No começo dos anos 70, apesar da cegueira, Borges pode eventualmente ver algumas sombras. Na Biblioteca Nacional, em um estreitíssimo corredor, está a tradutora Clara Argibay, que subitamente vê que Borges caminha em sua direção entre as estantes. Transtornada pela emoção, ela não sabe o que fazer, e começa a se mover para a esquerda, a direita várias vezes no corredor, para dar passagem ao famoso escritor. Argibay finalmente se espreme contra uma estante, de costas. Nesse breve intervalo, Borges continuou seu caminho sem se desviar, e com seu costumeiro olhar perdido no infinito, ao passar ao lado dela, o escritor murmura: “o cego sou eu...”.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Inauguração
HERMANOS E BROTHERS – OBAMA, UM MUCHACHO PERONISTA
“Não sei se Obama leu (os discursos) de Perón...mas, parece muito com ele”, sustentou “La Pingüina” (a Pinguim-fêmea, como é chamada popularmente).
Na sequência, enquanto governadores, empresários e parlamentares ainda estavam com os olhos arregalados, CFK – sem pestanejar - explicou a inusitada comparação entre Perón e Obama: “Obama disse que os sindicatos não são parte do problema, mas sim, parte da solução. Ele disse que quer sindicatos grandes e prósperos junto com empresas grandes e prósperas. Não sei se Obama leu o Perón, mas, acho que ele se parece muito”.
Horas depois, durante uma entrevista no canal C5N, o diretor do Instituto Juan Domingo Perón, Lorenzo Pepe, concordou com Cristina. “Pois é, Obama tem muita coisa de Perón”. E, foi mais além. Sustentou que as medidas que Obama está aplicando agora, não são novidades para um peronista: “as coisas que o Perón disse há meio século, este homem – Obama – está descobrindo agora, por causa da crise”.
Os economistas em Buenos Aires celebraram o comentário de "La Pingüina" como a piada que faltava para animar os churrascos neste fim de semana.
"A presidente teve um 'ataque de importância'...ela acha que o mundo está copiando a Argentina. Isso é excessivo", ponderou o economista Roberto Delgado, da consultoria Analytica.
Obama tocando o bumbo peronista, em montagem fotográfica do jornal "Crítica"
('bumbo', instrumento par excellence do Peronismo; serve para preencher as pausas dos discursos dos líderes peronistas, além de ser de grande utilidade para atordoar os opositores políticos)
BUSH TAMBÉM ERA PERONISTA E NÃO SABIA
Os vínculos entre o Peronismo e os EUA não são de agora, segundo os peronistas. Um deles, o ex presidente Carlos Menem (1989-99), afirmou há quatro anos que o então presidente George W. Bush “utiliza frases de Perón em seus discursos”.
DICA PERONISTA: Uma frase de Perón indica a seus sucessores como lidar com os vários setores internos do partido (muitas vezes, antagônicos): "a arte de governar é como dirigir um carro: dê o pisca-pisca para a esquerda...mas vire o volante para a direita".
DICA PERONISTA NÚMERO DOIS: Outra frase, que serve para encerrar qualquer discussão é "la única verdad es la realidad" (a única verdade é a realidade). Não quer dizer coisa alguma. Mas, sempre causa impacto e todo mundo fica calado.
Perón, como o Super-Homem (em caricatura do cartunista Diego Parpaglione)
Marcha Peronista (para que B.H.Obama vá aprendendo, segundo Cristina K)
A música emblemática que embala qualquer cerimônia ou manifestação do partido Justicialista, mais conhecido como "Peronista". Aqui vão as duas primeiras estrofes:
Los muchachos peronistas
todos unidos triunfaremos,
y como siempre daremos
un grito de corazón:
¡Viva Perón! ¡Viva Perón!
Por ese gran argentino
que se supo conquistar
a la gran masa del pueblo
combatiendo al capital.
Perón, Perón, qué grande sos!
¡Mi general, cuanto valés!
¡Perón, Perón, gran conductor,
sos el primer trabajador
.............................................
Os rapazes peronistas,
todos unidos triunfaremos,
e como sempre daremos
um grito de coração,
Viva Perón, viva Perón!
Por este grande argentino,
que a grande massa popular
soube conquistar
combatendo o capital
Perón, Perón, que grande você é!
Meu general, você vale muito!
Perón, Perón, grande líder,
Você é o trabalhador número um
............................................................
E, a versão recomendada para Obama (no idioma de W.Shakesperare, Laurence Olivier e Pamela Anderson)
We, the Peronist guys
All united will prevail,
And as usual we will launch
A cry from our heart:
Viva Perón! Viva Perón!
For this great argentine
Who conquered
The will of the popular masses
Fighting the capital.
Perón, Perón, how great you are!
My general, how worthy you are!
Perón, Perón, our great guide,
You're the worker number one!